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sábado, 31 de maio de 2014

Arte no Pulso: Técnica Digna das Musas.

Deutsch: Logo von Cartier
Deutsch: Logo von Cartier (Photo credit: Wikipedia)
Arte no Pulso: Técnica Digna das Musas
“Mythical Journey” de Piaget usando a técnica em micro-mosaicos
A arte do mosaico greco-romana foi desenvolvida com o propósito de criar desenhos geométricos e figurativos decorativos em pisos e paredes. Ela foi drasticamente aperfeiçoada no século VIII com o uso de uma pasta colorida desenvolvida por fabricantes de vidro venezianos, e depois, elevada a um nível completamente diferente pelos artesãos bizantinos, usando folhas de ouro revestidas com vidro de proteção a fim de aumentar o brilho dos pequenos cubos ou tesserae—cada um destes cuidadosamente inclinado para captar a luz e criar efeitos fascinantes.
Giacomo Raffaeli, dizem, inventou em Roma, no século XVIII, uma nova mistura de sílica fundida que misturada com óxidos metálicos poderia ser fiada e transformada em hastes finas, que eram então cortadas em pequenas tesseraes  que mediam menos de um milímetro de diâmetro. Nasceu, assim, a arte do micro-mosaico que foi rapidamente adotada por outros. Um dos ​​primeiros mestres mais notáveis, Antonio Aguatti, refinou ainda mais a arte com uma inovação técnica que permitiu que várias tonalidades fossem combinadas em uma única haste, aprimorando significativamente as opções de cor.
" A técnica foi inicialmente aplicada à pintura, e essa arte foi chamada de ‘pintura eterna’ porque pinturas eram reproduzidas com a clara vantagem de que a cor não iria desbotar como as antigas tinta a óleo,” explicou Leo Placuzzi, Presidente da SICIS, uma empresa com sede em Ravena, fundada em 1987, que lançou sua primeira linha de joias e relógio na Baselworld 2012 e propaga a tradição de micro-mosaicos. Pinturas no Museu do Vaticano foram reproduzidas com essa técnica e, em seguida, "os especialistas em micro-mosaicos começaram a aplicar a tecnologia em joias", acrescentou Placuzzi.
Emily Barber, diretora do departamento de joias na Bonhams, observa que apesar das joias com micro-mosaico começarem a serem feitas no final do século XVIII, elas só se tornaram moda no século XIX.
A técnica artística recebeu um selo real de aprovação de Napoleão e sua esposa, a Imperatriz Josefina Bonaparte, e ambos se tornaram ávidos colecionadores depois que o  Papa Pio VII presenteou Napoleão com um par de vasos e um relógio decorado com micro-mosaicos para sua coroação em 1804. Durante a ocupação de Roma pelas forças de Napoleão de 1808 a 1814, as oficinas do Vaticano foram encarregadas de criar peças para mobiliar os apartamentos de Napoleão no Palácio Quirinale; o imperador gostava de dar micro-mosaicos como presentes para dignitários, e até sua esposa gastava prodigamente em joias decorativas.
Placuzzi da SICIS explica que naquela época as joias criadas eram broches, medalhões, e amuletos, “principalmente retratos clássicos dos tempos romanos, ou paisagens com um toque clássico, em alguns casos, com elementos naturais, como composições florais."
 A palavra mosaico deriva do grego musaikòn, que significa "trabalho paciente, digno das musas", e um artesão que usa a técnica em um relógio precisa realmente reunir toda a paciência para realizar o seu tema, especialmente se estiver usando pedras duras, ao invés das hastes de vidro para criar os mosaicos. Depois  as pedras têm que ser divididas para criar fatias muito finas, com talvez 0,4 mm de espessura, que serão cortadas ainda mais, em tesseraes que serão colocadas uma a uma, com uma pinça muito fina, em uma placa gravada para criar a composição.
Olivier Vaucher do Atelier Olivier Vaucher, que já trabalhou para a Cartier em várias ocasiões, desenvolveu uma máquina que permite que ele grave suas peças, já bastante afinadas, de pedra para criar o que parece ser tabletes de chocolate em miniatura, mas que são na realidade, quadrados pré-cortados, delicadamente conectados que sāo mais fáceis de manusear. As pinças são suas ferramentas indispensáveis: uma mais rígida, para romper e segurar os quadradinhos, e outra, muito mais fina e delicada para posicionar as tesseraes no mosaico.

Em 2010, a Cartier lançou um relógio deslumbrante, o Rotonde de Cartier 42 milímetros, com um mosaico com um padrão de tartaruga criado por Vaucher, usando pedras como ônix, olho de falcão, olho de tigre, pietersite amarela e ágata amarela, entre outras. No ano passado, o joalheiro apresentou o relógio Santos-Dumont XL com um motivo de cavalo em mosaico de pedras usando diferentes tipos de pedras jaspe, opalas cor-de-rosa, e obsidiana cor de chocolate. O mostrador, na verdade, exibia ​​duas diferentes técnicas de mosaico: uma com pequenas tesseraes quadradas para criar o fundo, e outra com formas irregulares de tesseraes com pedras cacholong para criar o desenho do puro-sangue. Este ano, a Cartier lançou o novo Rotonde de Cartier Mystery Movement decorado com um tigre real branco, ou tigre de Bengala, feito com cacholong sobre um fundo azul de lápis-lazúli, dumortierite e ágata azul. Segundo a empresa, de 30 a 40 horas são necessárias para criar o fundo do mostrador, além de mais 25 a 30 horas para o  próprio tigre com cerca de 500 tesseraes.

No ano passado, a Piaget, introduziu um mostrador micro-mosaico Altiplano que interpretava a famosa rosa Yves Piaget, e este ano, como parte da Coleção Mythical, o relojoeiro apresentou dois Piaget Procole XXL Micro-Mosaic que apresentam paisagens evocativas da Índia e da China.
Armados com uma paciência épica, os mestres artesãos desses relógios estão construindo uma bem-sucedida tradição em arte de mosaico, camada a camada, com criações dignas de nota.

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